domingo, 1 de junho de 2014

Grimoaldo Soares, o Narrador

Não foi só nos comentários do futebol - inicialmente pela Rádio Clube, depois em breve passagem pela Marajoara e por cerca de 20 anos na Liberal - que Grimoaldo Soares atuou  no microfone esportivo paraense.
Ainda na PRC-5 ele foi repórter-de-campo e narrador, sendo o substituto imediato de Edyr Proença. 
O anúncio que publico é do início dos anos 1960 quando a emissora era chamada de o Rádio Clubee não a Rádio Clube.Faziadobradinha com o extinto jornal Folha do Norte, o mais importante e de maior circulação no Norte durante o longo periodo de sua existencia  que se exauriu em princípios de 1973. O vendedor de jornais era chamado de folheiro, tamanha era a força do jornal  de Paulo Maranhão.

Texto: Expedito Leal

Um piano ao cair da tarde

Além de locutor comercial eu produzia e apresentava mais 2 programas. Certo dia o bom amigo e excelente profissional, Grimoaldo Soares, que, no rádio, atuava em várias áreas, comentou comigo a idéia que tivera. Palavras do Grima:
"Simões, eu acho que a rádio está precisando de um programa que cubra melhor o horário que vai da tua crônica das dezoito horas até o começo da "Voz do Brasil", às 19 horas. Imaginei algo como um musical bem romântico."
No Maracanã, Eriberto Pinto, Grimoaldo Soares ( de chapéu),
Haroldo Pinheiro, Edyr Poença ( de óculos), e o Técnico Mucuin em 1954
De cara eu gostei da idéia, mas queria saber mais detalhes e ele me deu: "Imagino um trio com piano, contrabaixo e bateria. Tocaríamos apenas músicas bem apropriadas para o horário do Crepúsculo. O final da tarde e começo da noite dos namorados. O que achas, amigo?"
Nem preciso dizer, mas direi, que Grimoaldo, assim como eu, era muito romântico, também não sabia viver sem amor. Falar de amor era com ele mesmo. Sabia que o programa teria tudo para dar certo, pois a concorrência não tinha um programa que atraísse muita audiência naquele horário.
Mas, e eu? Será que ele estava apenas trocando idéia comigo ou pretendendo me fazer um convite? A seguir ele respondeu à minha ansiedade: "Mano, pensei em te chamar para seres o apresentador do programa. O que achas?"
O esquema era muito simples: um trio que valorizaria músicas românticas e entre elas eu iria lendo alguns textos, divagações que falassem dos sentimentos humanos, especialmente do amor. O próprio Grimoaldo me apresentou alguns dos textos que já escrevera. Gostei e partimos para a realização do programa. A direção da rádio aprovou fácil a idéia e o patrocínio também surgiu rápido. Tudo pronto.
Numa linda tarde de primavera eu me dirigia, de ônibus, ao estúdio antigo, com auditório, no bairro do Jurunas, onde ficavam os transmissores da Rádio Clube do Pará. A distância de minha casa era grande mas a alegria da escolha do meu nome pelo Grimoaldo compensava tudo. Às 18 horas eu li a minha habitual crônica e logo depois entrou no ar, pela primeira vez: "Um piano ao cair da tarde."
O trio era formado pelo Grimoaldo ao piano, um integrante da Aeronáutica, amigo do Grima, no contrabaixo e, na bateria, aquele que mais tarde viria a ser reconhecido como um dos melhores, se não o melhor do gênero, em todo o Brasil: "Papão". A cada duas músicas que eles executavam eu entrava com a narrativa pré escrita pelo Grima.
Páginas musicais bem românticas, nacionais e internacionais garantiam a audiência no horário do Crepúsculo. Quanto às narrativas, minha velha "indisciplina" de um improvisador inveterado, acabaram convencendo o Grimoaldo de que ele não precisava se preocupar mais em escrever textos. Recebi a "ordem": "Mano Simões, daqui pra frente pode improvisar à vontade. Este espaço é todo teu."
Quando a música estava nos seus últimos acordes, o Grima me dava um sinal e eu começava a falar, a falar e falar, em tom suave, como quem se declara a um novo amor. Não raras vezes eu incluía poesia nas narrativas. A recíproca era verdadeira, quando eu sentia que ia parar de falar dava-lhes um sinal e a música subia aos poucos. Saudades, saudades tantas daqueles tempos, daqueles amigos, daquele programa.
Era ao vivo, no palco do auditório antigo, na Aldeia do Rádio, que ficava com as portas fechadas para evitar ruídos que não cabiam no espírito do programa. Espírito que também, por outro lado, não caberia na atualidade do rádio praticado pelo Brasil afora, com certeza. O rádio mudou muito, os tempos mudaram, muitas pessoas também, nem sempre para melhor, infelizmente.
Grimoaldo cumpriu seu tempo por aqui, com brilhantismo, e foi chamado para outro plano. Dos outros dois companheiros nunca mais tive notícias, mas sei que o grande baterista "Papão" ainda deve estar brilhando, provavelmente no exterior. Quem tiver notícias do excelente "Papão", por favor mande para mim.
Eu segui o meu rumo, deixando o rádio, que amava, pelo Banco do Brasil, onde teria uma carreira pela frente e uma estabilidade então garantida. Não deu para conciliar os dois, infelizmente. Após me dedicar a outras atividades artísticas e culturais, simultaneamente com o BB, voltei às letras, pela prosa e pelo verso a partir de 1999.
Hoje, aos 69 anos, continuo procurando usar bem o meu tempo, até que a vida me cobre o prazo pela validade vencida.
Mas, curiosamente alguns anos depois de eu deixar o rádio, quando já morava no Rio de Janeiro, costumava namorar, ao final da tarde, em certos dias, com aquela que viria a ser minha esposa, Zezé, ali no bairro da Glória, onde ela morava.
Até aí nada de semelhante com aquele meu momento no rádio paraense. Porém nós gostávamos de ficar conversando, sentados nos bancos do jardim, ouvindo a Rádio Eldorado, da Globo, já extinta.
Justamente entre as 18 e as 19 horas acontecia um programa delicioso que, por coincidência, também se chamava... "Um piano ao cair da tarde". Ele embalou nossos sonhos e foi cúmplice em nosso amor que perduraria por cerca de 40 anos.

Francisco Simões. (Julho / 2005)


Ivo Amaral - O Camisa 10


Radialista, comentarista esportivo e publicitário, Amaral começou a carreira na Rádio Marajoara em agosto de 1957, aos 15 anos de idade, exercendo a função de rádio-escuta, no departamento de esportes da emissora, onde também foi locutor de programas esportivos. Em seguida, assumiu a direção deste departamento. Com a inauguração da TV Marajoara, em 1961, Amaral foi para esta emissora, onde atuou como apresentador e comentarista esportivo. Hoje, é proprietário da Ivo Amaral Publicidade e comentarista esportivo da TV Liberal.
Trata-se de um dos maiores nomes da história do rádio paraense. Sua história se confunde com a da comunicação radiofônica e televisiva do Estado.  
Ivo Amaral em 1968





Jayme Bastos - Neca Neca

Iniciou a carreira no setor técnico da Rádio Clube do Pará, em 1949, passando ao longo dos anos por diversas emissoras de rádio paraenses. Em seguida, fez locução de comerciais, participou de radionovelas e apresentou programas esportivos e de auditório, como o Vesperal Alegre, feito ao vivo, a partir de 1954, na Rádio Marajoara. Trabalhou na Rádio Marajoara até 1959. Depois, juntamente com o jornalista Linomar Baía, foi fazer parte da equipe que montou a Rádio Guajará, permanecen
do nesta emissora cerca de seis anos.
Posteriormente, foi para a Rádio Liberal, onde trabalhou doze anos. Também atuou nas rádios Rauland e Maguari. Nesta 95 última emissora ficou até o ano de 1995. Na década de 1960, foi eleito vereador de Belém. Abandonou a política em 1967 e fez concurso público para o cargo de auditor do Tribunal de Contas. Hoje, está aposentado.

Fonte: SUCESSO NO RÁDIO E NA TELEVISÃO, O PROGRAMA DE
AUDITÓRIO NÃO MORRECaixa de texto: Biografias de radialistas paraense (Renata Claudia Martins Ferreira)


Caixa de texto: Biografias de radialistas paraense
 

Caixa de texto: Biografias de radialistas paraense
 

O COMENTARISTA CAMPEÃO

Minha homenagem desta semana é a Luiz  Solheiro que o Jayme Bastos denominou de "o comentarista  campeão" quando atuavam juntos nos vários prefixos de Belém.Ele foi o criador do festejado programaAlvorada Esportiva,primeiramente na Marajoara dos 'associados" e depois na Rádio Clube quando teve rápida passagem sendo o comentarista de Edyr Proença(1957) e apresentador do programa matinal que tinha um quadro específico com o   seu comentário:Um preguinho na chuteira.Seu estilo lembrava o do erudito Mário Moraes do rádio paulista.
Solheiro foi um dos primeiros integrantes da equipe da 'associada"  formada por  Saint Clair Passarinho, Nilo Franco(chefe do departamento), Joaquim Antunes, Abílio Couceiro, Miguel Cohen e Armando Pinho.Depois que retornou à Marajoara, quando a Guajará  montou  sua equipe(1962) com Jayme Bastos na chefia, lá estava ele ao lado do "neca,neca" assim também como  no atuante time que Jayme formou na estréia da Liberal nas  transmissões do futebol em 1970, mas sem  demorar tanto tempo, pendurou definitivamente as chuteiras  em princípios  daquela década.E, até hoje, com mais de 80 anos, reside no antigo conjunto  residencial do IAPI, em São Braz.

Texto: Expedito Leal

O BORDÃO MARCANTE DE JAIR GOUVEIA

O acriano Jair Gouveia além da voz agradável, tinha o estilo cadenciado e vibrante  do saudoso Fiori  Giugliotti, narrador  de muito sucesso no rádio esportivo paulista.
Quando chegou a Belém, no início dos anos 1960, Jair foi logo aproveitado por Edyr Proença que era o principal locutor da Rádio Clube além de chefe da equipe esportiva. E que aos poucos estava largando a narração do futebol. Por isso, tanto Jair, quando Cláudio Guimarães, passaram a ter maiores chances nas jornadas esportivas, narrando os jogos.
Os bordões nessa época estavam se intensificando por todo o país. E Jair Gouveia criou o seu:"Olha pra trás(dizia o nome do goleiro)foi gol, sim". Ecoava durante as transmissões do futebol, sempre que acontecia um gol.
Com poucos anos na Clube foi sondado e se transferiu  para a Marajoara, mas sem alcançar o mesmo sucesso que tinha na PRC-5. O titular da narração na então emissora "associada" era Ivo Amaral, desde que o carioca Luiz Brandão retornou ao Rio de Janeiro, de onde veio da Tupi em 1958. E com apenas alguns meses no prefixo "associado" Jair estava de retorno à Rádio Clube onde permaneceria até princípios dos anos 1970 quando formado em Economia foi trabalhar no Projeto Jari, em Monte Dourdo e depois transferindo-se para a Eletrobrás, em Brasília, onde reside até hoje.

Texto: Expedito Leal

PINHO, O GAROTO REVELAÇÃO DE MACAPÁ

Guilherme Pinho irrompeu como um "vulcão" no microfone esportivo paraense. Em fins de 1969 ele chegou a Belém e foi logo aproveitado na equipe da Marajoara. Além de Ivo Amaral, titular da narração e chefe da equipe da então emissora 'associada", ele ainda tinha pela frente Jones Tavares e Thadeu Matos, os outros dois locutores dos Titulares do Esporte àquela época. O  jovem macapaense porém, confiava no seu taco e logo estava também narrando o futebol. E sem tanta demora, ingressaria na seleta equipe da Rádio Clube que sofrera ligeiro abalo com a saida de Cláudio Guimarães para  a Liberal que estava em fase de montagem de uma grande equipe. Debutando e imediatamente "explodindo" no time de Edyr Proença, Pinho foi logo cobiçado para ser um dos narradores da própria Liberal. Transferiu-se para a Equipe Legal dirigida por Jayme Bastos mas sem demorar  tanto tempo. Imaturo, confundia gozação com molecagem e com isso atraia a antipatia por onde passava. Foi tentar a sorte no rádio cearense pela extinta Uyrapurú que tinha o paraense Júlio Sales como seu nome de maior expressão. Igualmente não esquentou o lugar. Percorreu outros  prefixos alencarinos e depois resolveu abandonar a atividade esportiva radiofônica, formando-se em Direito e passando a trabalhar na Câmara Municipal de Fortaleza.Tinha programa próprio sobre política em uma das emissoras da capital.
Foi assassinado em seu apartamento no início do novo milênio, por ocasião de uma orgia com dois adolescentes.

Guilherme Pinho era talentoso e se tivesse levado a sério sua promissora carreira como narrador, teria ido mais longe, pois tinha potencial de voz,  além de ser bem articulado, com um improviso considerado de bom nível para sua idade(18 anos) à época em que despontou no rádio paraense.

Texto: Expedito Leal

O Professor Guilherme Jarbas

 
O rádio macapaense foi sempre um bom mercado profissional onde as emissoras belenenses se abastecerem. O inverso também é real. Dois profissionais iniciados na antiga Difusora de Macapá, emissora oficial do governo do antigo território federal, brilhariam  sendo um substituto do outro. 
O seguro João Alvaro Lima era um baita repórter de campo, mesmo tendo um timbre de voz fraco. Era eficiente como um bom entrevistador, ainda que mantendo um estilo discreto de indagar. Não corria atrás do furo apenas pela primazia da notícia. Não era o seu estilo. João Avaro era um bom conversador com o seu entrevistado, mas no "papo" descontraido, de modo coloquial, ia extraindo o que desejava saber. Sem agressividade nem afobação. Numa boa. Era o encarregado da entrevista diária de no máximo 10 minutos na sequencia 
O fato do dia inserida no programa O cartaz esportivo apresentado na Rádio Clube no final da tarde, em texto escrito e   lido por dois locutores. Trazia em geral matérias quentes, as que tinham maior repercussão no noticiário dos jornais diários.
Quando assumiu a direção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o tradicional IBGE, em Belém, largou o microfone. E foi substituido por outro amapaense: Guilherme Jarbas que chegou a Belém para estudar o ensino universitário no curso de Letras & Artes. Era o final dos anos 1960 e o novo repórter do Fato do Dia se desincumbiria da função com o mesmo sucesso  de seu antecessor. 
O professor Guilherme Jarbas como era chamado pela turma do esporte, porém, era eclético: Narrava também o futebol, basquetebol e futsal. Acompanhou delegações do Remo e do Paissandu naqueles velhos  tempos do Torneio Norte-Nordeste, a competição nacional promovida anualmente pela então Confederação Brasileira de Desportos, a antiga CBD e que reunia equipes do Pará, Amazonas, Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia, entre outros.
Guilherme Jarbas não tinha boa voz, mas era um narrador de vocalização peculiar. Num estilo meio parecido com o de Jones Tavares, até hoje  singular, embora há pouco tempo o  novato Henrique Amado, que passou rapidamente pela Marajoara, mostrasse um modo  de narração e a voz muito parecidos com o do locutor cognominado de "a emoção espontânea do rádio esportivo paraense".

Texto: Expedito Leal

Tadeu Matos - o desembargador

 O santareno Tadeu Matos que é desembargador do Tribunal Regional do Trabalho em Belém, começou sua carreira no rádio paraense em meados dos anos 1960 como repórter da Marajoara,  integrante do então poderoso grupo dos "Diários e Emissoras Associados". Tadeu veio cursar Direito na capital paraense e aproveitou para debutar no rádio. Sem tanta demora estava formando no time de narradores da emissora que tinha Ivo amaral(chefe da equipe), Jorge Dias, Jones Tavares e algum tempo depois, o garotão amapaense, o lembrado Guilherme Pinho.
O estilo de Tadeu Matos era mais para o clássico, sem tantos bordões e gírias peculiares ao futebol, ele preferia as frases bem colocadas com especial preocupação vernacular. Se não transmitia tanta vibração também não era lento no relato do futebol. Preservou sempre o linguajar escorreito sem apelar, entretanto, para o rebuscado da erudição. Estudioso e aplicado fora do rádio, ele foi funcionário do Basa por muitos anos e depois prestou concurso para o TRT sendo aprovado como juiz de Junta de Conciliação e Julgamento(hoje Vara) e posteriormente galgando  ao cargo de desembargador, antigamente tido como juiz  integrante do colegiado do Tribunal Regional do Trabalho.
A carreira de Tadeu Matos na Marajoara,  encerrou no início da década 1980.
Um bom valor que o rádio esportivo poderia ter como paradigma de comportamento ético.

A Voz Padrão de Renato Lobo

Ainda criança Renato Alves (o Lobão) sonhava em viver dos microfones. Nascido Belém no dia 2 de Abril de 1986, o comunicador passou parte d...