O Professor Guilherme Jarbas
O rádio macapaense
foi sempre um bom mercado profissional onde as emissoras belenenses se
abastecerem. O inverso também é real. Dois profissionais iniciados na antiga
Difusora de Macapá, emissora oficial do governo do antigo território federal,
brilhariam sendo um substituto do outro.
O seguro João Alvaro Lima era um baita repórter de campo, mesmo tendo um timbre
de voz fraco. Era eficiente como um bom entrevistador, ainda que mantendo um
estilo discreto de indagar. Não corria atrás do furo apenas pela primazia da
notícia. Não era o seu estilo. João Avaro era um bom conversador com o seu
entrevistado, mas no "papo" descontraido, de modo coloquial, ia
extraindo o que desejava saber. Sem agressividade nem afobação. Numa boa. Era o
encarregado da entrevista diária de no máximo 10 minutos na sequencia
O fato do dia inserida no programa O cartaz esportivo apresentado na Rádio
Clube no final da tarde, em texto escrito e lido por dois
locutores. Trazia em geral matérias quentes, as que tinham maior repercussão no
noticiário dos jornais diários.
Quando assumiu a direção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o
tradicional IBGE, em Belém, largou o microfone. E foi substituido por outro
amapaense: Guilherme Jarbas que chegou a Belém para estudar o ensino
universitário no curso de Letras & Artes. Era o final dos anos 1960 e o
novo repórter do Fato do Dia se desincumbiria da função com o mesmo
sucesso de seu antecessor.
O professor Guilherme Jarbas como era chamado pela turma do esporte, porém, era
eclético: Narrava também o futebol, basquetebol e futsal. Acompanhou delegações
do Remo e do Paissandu naqueles velhos tempos do Torneio Norte-Nordeste,
a competição nacional promovida anualmente pela então Confederação Brasileira
de Desportos, a antiga CBD e que reunia equipes do Pará, Amazonas, Maranhão,
Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia, entre outros.
Guilherme Jarbas não tinha boa voz, mas era um narrador de vocalização
peculiar. Num estilo meio parecido com o de Jones Tavares, até hoje
singular, embora há pouco tempo o novato Henrique Amado, que passou
rapidamente pela Marajoara, mostrasse um modo de narração e a voz muito
parecidos com o do locutor cognominado de "a emoção espontânea do rádio
esportivo paraense".
Texto: Expedito Leal
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