Paulo Ferrer - o Amarelinho
Valter José da Conceição, ou PAULO FERRER começou no rádio em 1964, na Rádio Imprensa em Anápolis, Goiás, seu estado natal. Sua função era plantonista do setor esportivo. Mudando para Belém, o radialista iniciou sua trajetória em 1969, na então Rádio Difusora do Pará (ZYE-25), em uma época em que o forte da Rádio era a programação musical, com Jovem Guarda, Bossa Nova, e predominância de músicas românticas.
Na Rádio Liberal AM, que a substituiu com nova
denominação, trabalhou durante os anos de 1990 até 2002 no esporte, onde era
setorista da Tuna Luso Brasileira, seu time do coração que adotou desde o
início da sua transferência para Belém;
Ferrer ficou conhecido também como o repórter
'Amarelinho', quando apresentava um programa onde noticiava ao vivo os fatos
de qualquer ponto da capital paraense. E foi muito conhecido por ter uma vasta
lista de 'fontes'.
Nas redes sociais, várias pessoas fazem menções
sobre o radialista, um exemplo é um twitter da Tuna.
Na Rádio Marajoara, Paulo Ferrer se notabilizou como
o Repórter Amarelinho que falava “ao vivo” de todos os lugares utilizando uma
engenhoca eletrônica – parecida com os primeiros celulares – importado pela
emissora. A novidade deixava os ouvintes na rua impressionados, não apenas pelo
alcance da transmissão, como também pela qualidade e a nitidez.
O equipamento “Motorola” foi adaptado também ao
veículo de transporte da emissora. Era um carro amarelo com as cores e o nome
da Marajoara. Primeiramente um fusca e logo depois um kombi . Como o Paulo
Ferrer era o único que andava no carro, além do motorista ficou conhecido como
“repórter amarelinho”.
O “repórter amarelinho” descreve um episódio
curioso do qual participou com a ajuda do Motorola. Houve uma fuga de presos
para a cidade de Barcarena, no interior do Estado.
No município havia apenas um telefone, que
funcionava das 15 às 18 horas somente. Naquela época, quando os 16 bandidos
fugiram para o município, todas as emissoras seguiram para o local, munidas
apenas de gravador. Os repórteres gravavam sonoras com os moradores e a polícia
e tinham que mandar o material por telefone.
O problema é que a Telepará tinha horário e tempo
estabelecido, quem os ultrapassasse, corria o risco de perder a notícia para as
outras emissoras. Por causa desses problemas, muitos repórteres tiveram que
voltar para Belém. Foi quando o repórter Paulo Ronaldo teve a ideia de bloquear
o único telefone da cidade para a empresa dele, deixando as outras emissoras
para trás.
A Rádio Marajoara, onde Paulo Ferrer,trabalhava
decidiu mandar o “amarelinho” para Barcarena e lá perceberam que, com o
Motorola, era possível manter contato direto do município com a rádio em Belém.
A concorrente, que havia se apropriado do único
telefone da cidade, foi deixada para trás. Com o Motorola era possível ir atrás
da notícia onde quer que ela estivesse, enquanto isso a emissora concorrente
gravava e passava o material por telefone. A Marajoara entrevistou bandidos e
polícia ao vivo durante a programação.
Nos 15 dias que passou em Barcarena, até ser preso
o último bandido, o “repórter amarelinho” deu um “show de notícia”, e de Ibope.
Ferrer trabalhou mais de 20 anos como “Amarelinho”,
um quadro da Rádio Marajoara em que eram noticiados fatos ao vivo, de qualquer
lugar de Belém. O “Amarelinho” tinha uma fonte de informações muito grande:
motoristas, policiais, membros da justiça estadual e federal. As reivindicações
junto ao Governo eram permanentes, e os problemas eram sempre solucionados.
O nosso grande morto viveu num período do rádio que
a Marajoara passou 15 anos seguidos como líder do IBOPE. Entre os programas de
sucesso dessa época, estiveram o “Show da Cidade” e o “Antena Policial”. Entre
os fatos marcantes na carreira de Ferrer estão as entrevistas com Pelé e com o
ex-presidente da República João Batista Figueiredo.
Valeu até sapo no gramado
Valeu até sapo no gramado
Paulo Ferrer nos tempos de "Alô Comunidade" da Rádio Marajoara FM |
Num texto retirado da internet e publicado no dia
17 de janeiro último, publicada por Harold
Lisboa lê-se que Paulo Ferrer,
um dos maiores adeptos da Tuna Luso e a entradas de sapo no gramado para ajudar
o time...
E mais:
Faça chuva, faça sol, se a Tuna Luso está em campo,
pode ter certeza, o radialista aposentado Paulo Ferrer, 70 anos, está nas
arquibancadas ou melhor, com a cara colada no alambrado empurrando o time do
coração e, em alguns momentos, "elogiando" árbitro e assistentes. O
ritual acontece desde que esse goiano desembarcou em Belém vindo de sua cidade
de Anápolis/GO. Wálter José da Conceição, este é seu nome verdadeiro, é,
talvez, o mais folclórico dos torcedores tunantes.
Só para se ter uma ideia, ele já chegou a levar um
saco cheio de sapo para assustar o goleiro do time adversário, que ele soube
ter pavor ao anfíbio.
Amor à primeira vista
O amor à Lusa nasceu em 1969, quando ele
desembarcou em Belém. "Foi a amor a segunda vista. Antes de me decidir
pela Tuna, assisti a um Re x Pa, mas os times não mexeram com o meu coração. Só
na segunda vez que foi ao estádio para ver Tuna e Sport tomou a decisão de ser
tunante. "Para o resto da vida", como diz. "A Tuna venceu o jogo
por 5 a 0. Sai do estádio entusiasmado com a equipe da Tuna. Era um
timaço", recorda.
A história dos sapos é contada por Ferrer em
detalhes. "A Tuna precisava vencer o Fortaleza/CE para ir para o
triangular final da Taça de Prata", lembra. "Soube dias antes que o
goleiro deles, o Salvino, que era um grande arqueiro, tinha repulsa a sapo.
Contratei um garoto para me arrumar um sapo, que eu pretendia soltar atrás do
gol do time deles. O moleque apareceu com um saco cheio e jogou por cima do
alambrado. O gramado estava molhado e quando o Salvino viu aquilo ficou
apavorado. Ganhamos o jogo por 5 a 1 e fomos à fase seguinte", recorda.
Sofrendo de diabetes, Ferrer quase não tem ido aos
estádios. Mas com a Lusa classificada para a fase principal, ele promete voltar
a incentivar seu time e, de quebra, perturbar árbitros e bandeirinhas.
"Agora volto a ter mais motivação", revela. Em tantos anos de
arquibancada, ou melhor, de alambrado, Ferrer diz ter visto uma série de
grandes jogadores com a camisa lusa. "Mas os melhores mesmos foram o Omar
(goleiro) e o Mesquita (meia)", aponta.
O
Jornalista e Radialista PAULO FERRER morreu após sofrer um AVC, aos 71 anos.
Fonte: Jornal do Feio
Comentários
Postar um comentário